Almoço no topo de um arranha-céu

Lunch atop a skyscraper (Almoço no topo de um arranha-céu), Charles Clyde Ebbets. (Foto: Reuters/Charles C. Ebbets/Corbis)

A famosa foto de Charles Clyde Ebbets feita em 1932, isso mesmo, a foto já possui 85 anos e ainda é um dos ícones da fotografia mundial.

Causa um certo "frio na barriga" olhar esta foto e se imaginar sentado em uma viga de aço batendo papo com os companheiros na altura equivalente a 69 andares, como se estivesse em um banco de praça. O que, no mínimo, nos leva a pensar se foi feita na realidade, ou se houve montagem. Quanto mais se lê sobre esta foto, mais se reflete sobre sua autenticidade e se encontra fatos curiosos, como estes:

1. A autoria da foto é desconhecida Não é conhecida ao certo a identidade do fotógrafo autor da foto, pois naquela mesmo dia outros fotógrafos subiram à construção, William Leftwich e Thomas Kelley seriam dois deles, conforme esta publicação do New York Times. Até 1950 era muito comum os fotógrafos não receberem o devido crédito pelas suas fotos. Em meados de 2001, a família de Ebbets, que na época era diretor de fotografia da construção do edifício Rockefeller Center, apresentou evidências da autoria desta foto à agência Reuters que por um período passou a creditá-la a Ebbets, retirando o crédito ao saber que outros fotógrafos estiveram por lá. Os arquivos Rockefeller e a extinta agência de imagens Corbis, que era detentora do negativo original, creditam esta foto à autoria "desconhecida". A Corbis encerrou atividade em 2016, foi vendida para a GettyImages para onde parte do conteúdo foi migrado.
   

2. O motivo foi publicitário Parece claro que eram trabalhadores reais, mas feita para divulgar a construção do edifício, com forte apelo emocional, pois era a época da Grande Depressão (ou crise de 1929), período de recessão que se estendeu pela década seguinte tendo fim na Segunda Guerra Mundial. Com a população mergulhada em clima extremamente desfavorável ao emprego e a prosperidade, a imagem de um imponente edifício com pessoas trabalhando era algo que as pessoas precisavam para melhorar as expectativas.
   

3. Esta não foi a única foto feita no dia Claro, como seria esperado, nenhum fotógrafo subiria 69 andares de um edifício em construção para fazer uma única foto. Esta publicação da Reuters e esta outra da FHOX mostram outras fotos, uma feita com quatro operários, cuja divulgação não tomou a mesma proporção. Talvez não tenha sido publicadas.
   

4. O negativo original está guardado em uma caverna na Pensilvânia. Conhecida como Iron Mountain (Montanha de Ferro), possui 1,8 milhão de metros quadrados, onde obras de arte de valor inestimável, fotos, negativos de filmes, peças de música e documentos governamentais de todo o mundo estão seguramente armazenados. Na época, os negativos das fotos eram placas de vidro emulsionadas com química sensível à luz. Este negativo está guardado em cofre climatizado para não deteriorar. Veja imagem do negativo de vidro nesta publicação do New York Times.
   

5. O negativo original está quebrado Provavelmente, após adquirido pela agência Corbis, o negativo sofreu algum acidente e se quebrou. Mas antes de ser quebrado havia sido feita uma série de impressões de alta qualidade da imagem, a partir das quais foram feitos negativos de cópia, para facilitar usos diversos. Então, deve ser possível conseguir boas cópias para qualquer necessidade.
   

6. Há um documentário que possibilitou identificar dois dos operários na foto Sabia-se que eram trabalhadores reais da obra, mas somente quando um documentário chamado Men at Launch produzido por Seán Ó Cualáin foi possível identificar dois operários: Joseph Eckner (o terceiro à esquerda) e Joe Curtis (o terceiro da direita). Todavia, os demais permanecem não identificados.
   

7. Mais de 40 mil pessoas trabalharam na construção, não há registros do trabalho. O documentário de Seán Ó Cualáin teve início por causa de uma nota de um homem chamado Pat Glynn que ele e seu irmão viram em um pub de Shanaglish, Galway, Irlanda. Ele foi anexado a uma cópia da foto e nela, Glynn afirmou que seu pai e "tio-em-lei", eram dois dos homens na viga naquele dia. Pasmem, até então, apesar do apelo da foto em contexto global, ninguém tentou descobrir quem eram os homens ou o fotógrafo. Como não havia nenhum registro oficial dos trabalhadores, a identificação é extremamente difícil.
   

8. Um dos operários pode ser descendente de índios Mohawk. Além de irlandeses, italianos e alemães, trabalharam na construção também descendentes de índios Mohawk, que estavam localizados no norte de New York e no sul do Canadá, após o apoio dos britânicos durante a Guerra Revolucionária. Os Mohawks aperfeiçoaram suas habilidades de fabricação de ferro em projetos de construção canadenses e mais tarde viajaram para New York, somando esforços na construção do Empire State Building, na George Washington Bridge e no Rockefeller Center. Embora nada disso seja confirmado, acredita-se que um dos homens na foto, mais ao centro, com a tampa e o cigarro na boca, seja Peter Rice, um ferreiro da ascendência Mohawk.
   

9. Alguns historiadores não acreditam na periculosidade da foto. Esta publicação do New York Times comenta que a foto era mais do que apenas uma jogada publicitária e também não era tão arriscada quanto parece. Cita que abaixo dos homens, fora da vista da câmera, havia um piso perfeitamente seguro e acabado. Porém, percebe-se algumas vigas de ferro abaixo e à esquerda na foto, se há um piso mais abaixo, já seria uma altura perigosa, certo? Mas como tantas outras curiosidades sobre esta imagem, nada foi ou pode ser provado.
   

10. Esta foi a melhor imagem da agência Corbis A Corbis deteve os direitos do negativo de vidro desta foto de 1995 a 2016, até vender seu arquivo de imagens para o Visual China Group, que tem um acordo de distribuição com a Getty. Naquela época, era a imagem histórica mais vendida no portfólio da Corbis, com média de cerca de 100 compras por mês durante 10 anos. Impressionante, para uma empresa que possuía imagens de ícones do século XX como Albert Einstein e Martin Luther King Jr.

Fontes: Ebbets Photo Graphics

FHOX

G1

Mental Floss New York Times

Reuters Blog

Wikipedia

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